domingo, 28 de março de 2010

Mais do mesmo - finalizando o de ontem...

Uau... vai ser duro escrever depois de comer tanto.

Mukesh devia receber um prêmio pela ciabatta recheada "sem noção" que fez.

Aliás, a partir de agora vou considerar que um Ashram só pode mesmo ser um Ashram se tiver as "mãos" de alguem nascido e vivido na India na hora de fazer a comida.Não me lembro de ter comido tão bem na minha vida.

Essas duas primeiras semanas foram provavelmente a "cara" do que me aguarda nos próximos meses.Muita prática de Yoga (4 aulas por dia), 1 hora de meditação (sendo que tudo começa as 5:30 da manhã, em uma "rede" com diversos membros da Egrégora), comendo maravilhosamente bem, conhecendo e convivendo com o povo bacana do Shivam Yoga (consegui inclusive uma "guia" para me mostrar a cidade... rsrs)... sem contar a companhia inestimável.... da Radha (interesseira, gulosa e sedutora, impossível não adora-la).

E estou redescobrindo meu gosto por filmes e músicas indianas (da raiz mesmo), que são absolutamente fascinantes...

Bom, falar demais cansa, seguem algumas imagens bacanas (se quiser ver em tamanho maior, é só clicar diretamente nas fotos).A qualidade é "duvidosa" as vezes pois a maior parte foram tiradas pelo celular.



Vistas do meu quarto e da sala da casa (que chamamos de "Ashram 1")










Sala de prática - Ashram 1 - Onde são ministrados os cursos de formação e as práticas de meditação ou o próprio sádhana.








Algumas imagens do curso de formação :

 






Recepção do "Ashram 2" (ou escola, ou núcleo, ou centro, ou studio em si, onde as aulas ao público geral são ministradas)







Sala de prática do Ashram 2 (é, esse verde todo aí é a paisagem em torno mesmo, a gente pratica sentindo cheiro de árvore, mato, terra... natureza...)







Um pouco das ruas de Ouro Preto (detalhe pro mestre Arnaldo com as compra da feira).










Radha, a sedutora interesseira adorável.






Não faço a menor idéia de quem tirou essa foto... mas acho que eu estava concentrado em algo.







 E aqui uma homenagem à uma certa "LUZciana", com sua pequenina no colo, difícil saber qual delas é mais radiante.Beijoca pra ti, irmã do coração, sinto sua falta aqui (e sei que você está morrendo de "inveja saudável" de mim, hahahaha, que você possa vir pra cá o quanto antes !).




Bom, é isso.Por enquanto.

Om Shiva !

sábado, 27 de março de 2010

As dúvidas, o sumiço, as mudanças...e por fim, Ouro Preto.

Cheguei  em Ouro Preto.
 
Depois de tanta correria buscando soluções e organizando minha vida para não deixar nada pendente em São Paulo (algo mais difícil do que eu imaginava... até na hora de sair da cidade a gente “corre”), finalmente agora me vejo livre para curtir esse retiro.

 
Bem, fato é que isso (estar pronto e chegar em Ouro Preto) na verdade ocorreu há 10 dias atrás, quando pisei nessa cidade pela segunda vez (a primeira foi em Janeiro deste mesmo ano de 2010, quando decidi que aqui era o lugar ideal para o que eu buscava no momento atual da minha vida).A proposta aqui é ler a mim mesmo, perceber como eu vou lidando com tudo isso ao longo do tempo.E aproveitando também para ser um canal para os amigos e alunos que estavam curiosos sobre “pra onde eu ia e o que eu iria fazer e por que?”. rs

 
Agora que alguns dias se passaram, já posso falar dar com mais certeza um panorama de tudo o que rola por aqui... E o resumo da ópera é : ESTÁ TUDO BOM DEMAIS.

 
Não é de hoje que eu tenho problema com a cidade de São Paulo... lugar onde nasci e sempre adorei, pelo menos até o final da minha adolescência.Costumo dizer que a cidade tem realmente muitas coisas boas, que não existem em nenhum outro lugar do mundo... Mas que tudo o que há de positivo não compensa mais as coisas negativas...faz tempo.

 
E sair de uma megalópole urbana, desorganizada e barulhenta, para vir parar em uma cidade pequena, histórica  e preservada... é um contraste que só faz aumentar a minha “tese pessoal”.
Aqui eu não acordo com o barulho dos carros ou com a “bateção” das construções de prédios.Acordo com o cantar dos pássaros.Ou com latidos de cachorros.Ou apenas com o barulho do vento.

 
Quando abro a janela do meu quarto, não existe uma enorme gama de blocos de concreto (que chamamos de prédios, RS) na minha frente, nem ruas asfaltadas e cheias de calçadas... existe uma montanha coberta de verde para todos os lados, com pequeninas casas ao longo dela, mas que não ocupam nem 5% do cenário.As ruas são de paralelepípedo.

 
Quando olho pra cima, o céu é azul, limpo, cristalino.E não aquela mistura acinzentada de gases que eu tenho até medo de saber quais são (isso quando os prédios não cobrem a vista impedindo até de ver o céu na maior capital do país).

 
Nas ruas existem mais pessoas do que carros.A cidade é feita para seres humanos, e não para máquinas com 4 rodas.

 
Enfim, aqui, para mim, está parecendo o século XIX (dada as devidas proporções, óbvio).Quem vive aqui talvez não tenha tanta noção do privilégio que possui.Acho que tudo se resume a estarmos aqui mais próximos da natureza mesmo, da nossa essência.

 
Isso reflete nas pessoas, que são mais simples, mais educadas, mais próximas... mais humanas... e isso torna muito mais agradável ir em locais públicos, restaurantes, lojas, etc... tudo é mais prazeroso.

 
“Ah, mas cidade pequena é ruim porque chega 22:00 e está tudo fechado e todo mundo dormindo”.

 
Bom... para quem tem acordado as 5:10 para meditar diariamente, isso tem sido uma vantagem e não um problema... rsrs 

 
Além do mais, é mais gostoso acompanhar o ritmo do Sol.

Mas por que isso agora ? E por que Ouro Preto ? E será que eu volto ? 

 
Por causa do Yoga.

 
Eu andei muito sumido de diversas pessoas nos últimos... sei lá, acho que dois anos.Gente demais dispersa minha mente. RS

 
Sou um apaixonado por Yoga desde que pisei em uma sala de prática pela primeira vez.E depois de cair fora de uma seita de fanáticos loucos, criminosos e tristes, absolutamente tristes, eu tive dificuldade de encontrar “um lugar que considerasse ideal...ou quase ideal (já que o ideal talvez não exista... filosoficamente falando)”.

 
Eu ainda sou um bebê de colo, um novato, um total aprendiz no que diz respeito ao Yoga... mas dou valor ao pouco que sei.E o pouco que sei deixou bem claro já há tempos que o Yoga virou uma modinha totalmente desvirtuada, pelo menos no mundo onde eu conheço. 

 
Quando saí da seita dos doentes, fui em busca de algo que fosse parecido com aquilo que eu acreditava ser o Yoga mesmo.Se não o original (pois o tempo passa e tudo evolui no mundo), pelo menos algo que tivesse a essência da cultura/ciência/filosofia que o Yoga (não-moderno) prega.

 
Foram meses e meses visitando lugares, conhecendo pessoas, lendo... e me desesperando. RS
Sem entrar em detalhes, mas eu não encontrava aquilo que queria.Na verdade até encontrei “quase”, eu diria, quando tive meus contatos com o pessoal do Yoga Nataraja em São Paulo
(site deles aqui) tanto o pessoal da Vila Madalena, quanto da Vila Mariana.
 
Gente bacana, fiz alguns amigos, conheci gente mais experiente, limpei a cabeça em relação a um monte de “achismos” que possuía na mente, e acima de tudo eram pessoas que, pelo menos em boa parte, demonstravam querer vivenciar o Yoga na vida...e não apenas “na sala de prática”.Pessoas do bem.

 
Mas a a escola, as aulas, a formação... tudo ainda era em São Paulo.No meio do transito.Do barulho.Da correria.Não consegui me dedicar como queria.Não tinha a disciplina necessária no meio do mundo caótico de Sampa.Faltava algo.

 
Quando resolvi fechar a minha escola, o lugar que eu mais amei durante os 2 anos em que estive lá, foi justamente para poder fazer essa busca com mais afinco, sem me preocupar em “cuidar de uma casa, administrar uma escola, dar aulas de Yoga e ainda assim estudar na nova formação”, no maior estilo “tudo ao mesmo tempo agora”... 

 
Fui dar aula em outros lugares, que não eram meus, que não tinham tudo “exatamente do jeitinho que eu queria”, mas que me tomavam menos tempo e me exigiam menos responsabilidade... assim eu poderia usar essa energia que sobrava para “continuar buscando”.

 
E  foi em um desses lugares que eu acabei conhecendo uma das minhas almas-irmãs nessa vida, minha eternamente querida Luciana Guimarães (oi Lu, te amo, sei que você me lê aqui).Que acabou se tornando amiga e aluna, lá no Yoga Sandri - site aqui - (Aliás, todo meu agradecimendo também à Lucia Sandri, por me receber em sua escola naquele período conturbado). Nossa identificação um com o outro foi tão rápida que ela insistiu e insistiu para que eu conhecesse o mestre dela, e a linha onde ela se formou.

 
E  assim conheci o Shivam Yoga (www.shivamyoga.net) e o mestre Arnaldo.Após contar um pouco da minha história pra ele, conversar bastante em diversos emails (e descobrir ALTAS COINCIDÊNCIAS, inclusive o fato dele ter passado pela mesma seita dos doentes) e notar que nosso compromisso e visão do yoga eram de certa forma parecidos, fui convidado a passar uns dias no Ashram aqui em Ouro Preto no início de Janeiro desde ano de 2010... vim, gostei.De tudo.

 
Acho que o mais interessante foi a postura do mestre Arnaldo.A palavra “mestre” me causava um receio enorme por causa das coisa que já vivi no passado e porque, sinceramente... dentro do Yoga, pelo menos no Ocidente, a palavra “mestre” normalmente vem seguida de um monte de baboseira (um ser que se diz iluminado, divino, que tem um bando de fanáticos cegos e pouco capazes intelectualmente, alguém que simplesmente abusa espiritualmente, emocionalmente, financeiramente e todos os “ente”  que se pode imaginar dos trouxas de seus “discípulos”), mas eu resolvi “arriscar” e conhecê-lo melhor, conviver um pouco e ver “qual é que é”.

 
Encontrei um ser humano igualzinho a mim.Sem ar de superior.Sem se achar um deus iluminado.Sem dizer-se ser o dono da verdade.Sem considerar que seus ensinamentos são a solução pro planeta e pra humanidade.Alguém com mais estudo, experiência e vivência apenas.E acima de tudo, sincero (as vezes até demais, RS).Alguém para compartilhar, para ser um professor e amigo.

 
Por coincidência (para quem acredita em coincidências), havia agendado para o ano de 2010 um curso de formação em Yoga + um curso de massoterapia, ministrados pelo Arnaldo. Ambos ao longo do ano, com duração até Dezembro, aqui em Ouro Preto.
E foi aí que vi a chance perfeita.

 
Cidade nova, pessoas novas, longe da minha rotina da cidade grande, e ainda a oportunidade de fazer uma nova formação, de me aprofundar e compartilhar mais o yoga, vivenciando tudo 24 horas por dia.... em um local recheado de natureza por todos os lados.

 
Passei Janeiro, Fevereiro e o começo de Março organizando minha vida em São Paulo, não deixando nenhuma pendência, procurando professores substitutos para os locais onde dou aula (e óbvio que uma das minhas turmas do Yoga Sandri acabou ficando com a própria Luciana, que foi a ponte de tudo isso), resolvendo assuntos profissionais, pessoais, familiares, amorosos (é, pois é...) para estar absolutamente livre de tudo e de todos, sem nada que me fizesse olhar pra trás.E finalmente comprei minha passagem e vim.E aqui estou.E não pretendo sair tão cedo (apenas para um visitinha ou outra em Sampa, 1x por mês talvez... só pra ver minha família um pouco).

 
Pelo menos até Dezembro sou um cidadão de Ouro Preto, estudando muito, praticando muito, conhecendo tudo de bom e de novo que há por aqui, compartilhando novas experiências com pessoas novas, enfim........... absolutamente tudo o que eu queria.

 
E como eu sou um belo de um prolixo que quer falar uma coisa e acaba falando 20x mais do que queria , o post que era pra falar dos meus primeiros dias aqui acabou se tornando uma “explicação de porque vim parar aqui”.

 
Como o sono chegou, amanhã eu termino.

 
Om Shiva.