terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Bhagavad Gita - Escolher o lado na guerra do bem contra o mal


Bhagavah Gita narra uma batalha (com soldados de verdade e tudo o mais) e um enorme conflito existencial que se passa com o guerreiro Arjuna... que é guiado por Krishna para sanar suas dificuldades.

Tal "guerra" na verdade é uma simbologia das guerras internas que todos nós travamos, a vida inteira, diariamente... o texto abaixo (trecho do livro "A Yoga do Bhagavad Gita", de Paramahansa Yogananda) fala um pouco disso.






Do momento da concepção até o último suspiro, o homem tem de travar, em cada encarnação, batalhas inumeráveis - biológicas, hereditárias, becteriológicas, fisiológicas, climáticas, sociais, éticas, políticas, sociológicas, psicológicas, metafísicas - , uma variedade enorme de conflitos interiores e exteriores.As forças do bem e o mal (considere que o BEM é aquilo que expressa a verdade e a virtude, atraindo assim a consciência...enquanto o MAL é a ignorância e a ilusão) competem pela vitória em todos os encontros.Toda a intenção do GITA é alinhar os esforços do homem com o dharma, ou o que é correto.A meta definitiva é a Autorrealização, a percepção do verdadeiro Eu do homem, a alma como feita à imagem de Deus, unificada com a bem-aventurança sempre-nova, sempre-consciente e sempre-existente do Espírito.


A primeira competição da alma, em cada encarnação, se dá com outras almas que buscam o renascimento.Quando da união do espermatozóide com o óvulo para começar a formação de um novo corpo humano, aparece uma cintilação de luz no mundo astral, o lar celeste das almas entre as encarnações.Essa luz emite um padrão que atrai a alma de acordo com seu karma - as influências que ela própria criou pelas ações em vidas passadas.Em cada encarnação, o karma age parcialmente por meio das forças hereditárias; a alma de uma criança é atraída para uma família em que a hereditariedade seja compatível com o karma passado dessa criança.Muitas almas diligenciam entrar nessa nova célula de vida.Apenas uma será vitoriosa (nos casos de concepção múltipla, existe mais de uma célula primordial).


No corpo da mãe, o nascituro luta contra as doenças, a escuridão e sentimentos periódicos de limitação e frustração, à medida que a consciência da alma, na criança que ainda não nasceu, recorda-se da maior liberdade de expressão durante a temporada astral e, em seguida, a esquece gradualmente.A alma no embrião também tem de enfretar o karma que influencia, para o bem ou para o mal, a formação do corpo em que agora está residindo.Além disso, sofre as influências das vibrações que a alcançam vindas do exterior - o ambiente e as ações da mãe, sons e sensações externos, vibrações de amor e ódio, de paz e raiva.




Após o nascimento, as lutas do infante se dão entre seus instintos de buscar conforto e sobrevivência e o relativo desamparo antagônico do instrumento corporal imaturo.


A criança começa sua primeira luta consciente quando tem de escolher entre o desejo de brincar despreocupadamente e o desejo de aprender, estudar e seguir um curso de educação sistemática.Gradualmente, surgem batalhas mais graves que lhe são impostas pelos instintos cármicos interiores ou pela má companhia e pelo ambiente exterior.


De repente, o jovem se vê confrontado com um grande número de problemas para os quais está frequentemente mal preparado: as tentações do sexo, da gula, da prevaricação, de ganhar dinheiro por meios fáceis mas duvidosos, a pressão das companhias com que anda e das influências sociais.É comum que o jovem descubra que não tem uma espada da sabedoria com que combater os exércitos invasores das experiências mundanas.


O adulto que vive sem cultivar e sem empregar os poderes inatos da sabedoria e do discernimento espiritual descobre inexoravelmente que o reino do seu corpo e de sua mente está sendo tomado pelos desejos errados, pelos hábitos destrutivos, pelo fracasso, pela ignorância, pela doença e pela infelicidade, que se rebelam e são produtores de um estado miserável.


Poucos homens chegam a se dar conta de que em seu reino há um permanente estado de guerra.Geralmente, só quando esse reino está quase que completamente arrasado é que os homens percebem, indefesos, a triste ruína de sua vida.Os conflitos psicológicos por saúde, prosperidade, autocontrole e sabedoria têm de ser reiniciados todos os dias, para que o homem se adiante na direção da vitória, reconquistando, centímetro por centímetro, o território da alma ocupado pelos rebeldes da ignorância.




O iogue, o homem que está despertando, é confrontado não apenas com as batahas exteriores, travadas por todos os homens, mas também com o entrechoque interno entre as forças negativas da inquietude (que surgem de manas, ou consciência dos sentidos) e o poder positivo do desejo e do esforço para meditar (apoiado pela inteligência, buddhi), ao tentar estabelecer-se de novo no reino espiritual interior da alma: os centros sutis da vida e da consciência divina, na coluna vertebral e no cérebro.


Portanto, o Gita aponta, logo na primeira estrofe, a primordial necessidade que o homem tem da introspecção todas as noites, de modo que possa distinguir claramente que força - o bem ou o mal - venceu a batalha cotidiana.Para viver em harmonia com o plano de Deus, o homem precisa repetir para si próprio, todas as noites, a indagação sempre pertinente: "Reunidas no espeço sagrado do corpo - o campo das ações boas e más - , que fizeram minhas tendências opostas ? Que lado, nesta guerra incessante, venceu hoje ? Vamos, me diga : as más tendências corruptas, tentadoras, e as forças opostas da autodisciplina e do discernimento, que fizeram ?"




Após cada prática de meditação concentrada, o iogue pergunta a seu poder de introspeccção: "Reunidos na região da consciência, no eixo cerebrospinal e no campo da atividade sensorial do corpo, ansiosos pela batalha, as faculdade sensoriais da mente, que tentam puxar a consciência para fora, e os filhos das tendências discernidoras da alma, que estáo procurando retomar seu reino interior, que fizeram ? Quem venceu hoje ?"




A pessoa comum, como um guerreiro sitiado, calejado pelas cicatrizes, tem bastante conhecimento das batalhas.Frequentemente, porém, seu treinamento assistemático deixou a desejar quanto à compreensão do campo de batalha e da ciência que há por trás dos ataques das forças antagônicas.Esse conhecimento ampliaria suas vitórias e diminuiri as derrotas atordoantes.

E aí ? Quem venceu a batalha hoje ?

_/\_

Um comentário:

Anônimo disse...

gostei do artigo! :)